Hinyambaan –
João Paulo Borges Coelho
Leitor: Jesús del Rey
1. O livro correspondeu às suas
expectativas?
O subtítulo é “novela burlesca” mas acho que não responde
perfeitamente às expectativas desta obra. Segundo o dicionario burlesco é que incita
ao riso por ser ridículo. Mas esta novela é mais irónica do que ridícula.
2. Qual foi a parte/passagem ou capítulo
que mais a/o marcou?
É uma história circular. Os acontecimentos que se
desenvolvem ao longo do texto terão muita relação com o fim da história, que é
realmente surpreendente.
3. Se pudesse eliminaria alguma parte do
livro? Se sim, diga qual.
O livro está perfeito. Se calhar, em vez de eliminar
acrescentaria mais anedotas da viagem.
4. Quais foram os personagens mais
interessantes e porquê?
Djika-Djika (traducção: aquele que viaja muito, que nunca
fica parado). É um habitante local e é quem vai relacionar o mundo dos
estrangeiros com o mundo local de Moçambique.
5. Com qual personagem mais se
identificou?
Com o casal e os problemas que acontecem em todas as
famílias. Os filhos que crescem e o relacionamento entre os membros da família
que sempre muda.
6. O autor
conseguiu recriar um ambiente que facilmente visualizou? Explique o porquê.
O autor recria o ambiente de Moçambique desde a visão dum
estrangeiro que vai passar as férias. Descreve um país onde a natureza tem uma
grande importância na vida das pessoas, não muito desenvolvido e com habitantes
de baixo nível cultural e como não, com uma polícia não corrupta mas sim...
imprevisível.
7. O autor conseguiu inspirá-lo? Se sim,
porquê?
Estou inspirado para fazer um relato parecido. Uma
família espanhola vai de férias a Portugal e aconteceram inesperadas situações que mudaram as suas vidas.
8. O estilo do autor fê-lo pensar noutro
autor? Em que medidas viu semelhanças em relação a outros autores que já
conhece?
Pensei em Mário Zambujal. Autor de uma imaginação enorme
que escreve histórias divertidas e que também fazem refletir sobre a realidade
portuguesa.
9. Considera que o livro tem alguma
coisa de autobiográfico em relação ao autor? Porquê?
Pode ser. Afinal descreve uma viagem de férias com a
família que todos nós alguma vez podemos fizemos, quer quando éramos crianças
com os nossos pais, quer quando formamos uma família própria.
10. O que aprendeu com este livro?
Fiquei com uma frase: ... mistérios das longas viagens,
que alteram de um modo inelutável a percepção que temos das coisas que nos
cercam...
Ao viajar conseguimos olhar para a nossa vida e para as
coisas que nos rodeiam desde outra perspectiva. Isso por vezes pode ser
positivo, muito bom, ou não... mas sempre muito enriquecedor.
11. Recolheu alguma lição de vida?
Num determinado momento fala-se dos “tempos antigos”, dos
tempos anteriores aos portugueses em Moçambique. E pensei que em todos os lugares
existem acontecimentos antigos, antepassados que viveram nas terras e deixaram
uma cultura própria. Normalmente esquecemo-nos disto e limitamos o passado a 50
ou 100 anos.
Também reparei que a vida é uma caixa de surpresas e
qualquer coisa pode acontecer em qualquer momento que alterando assim o rumo da
nossa vida. Especialmente quando viajamos.
12. O que alteraria no seu conteúdo?
Nada, o livro está muito equilibrado.
13. Tem outra sugestão para o título?
Hinyhambaan é uma terra sonhada. É um lugar de férias
onde todos queremos ir e onde imaginamos as nossas melhores espectativas da
vida. É perfeito. Se calhar todos temos um Hinyambaan no nosso interior.
14. Recomendaria este livro e porquê?
Sim recomendaria.É um livro interessante, ameno, fácil de
ler, divertido e enriquecedor. O final é aberto, imprevisível e deixa à nossa
imaginação a liberdade para criar o percurso dos acontecimentos futuros.
A família Odendaal vai de férias e com certerza a sua
vida não será a mesma ao fim delas.